terça-feira, 7 de março de 2017

     Não, eu não estou pronta para falar sobre nada. Mas aqui eu não falo. Aqui eu digito e peço à Deus que me ajude a fazer o que preciso quando recorro às palavras: que a dor escorra pelos dedos.
     Eu sei que falei o que não devia, escutei o que não queria, são as leis da vida. Tirei a dor de ficar calada, recebi a dor da fúria, do egoísmo e da indignação.
     Me pergunto se você quis dizer tudo da forma que disse ou se eu fiz minha parte tão bem que você tinha que cuspir como eu. Não saberei nunca disso, mesmo sabendo que não se deve dizer nunca, ainda mais quando se refere a nós. Mas acho que, nesse caso, o nunca se aplica, visto que você jogou a pá de terra em cima do que quer que tivesse restado de nós.
     Cada um vive o que pode, como pode. Eu me estacionei emocionalmente na carta de aniversário de 5 anos de tanta luta e me vejo lutando ainda. Luto como um soldadinho de chumbo, um companheiro de Dom Quixote, louco com moinhos de vento. Ainda lembro das lágrimas nos seus olhos daquele dia e de como eu achei que tínhamos nos encontrado. De alguma forma eu te perdi nos dias seguintes, perdida em certezas de algo que nunca foi certo.
     Aí eu volto para o meu lugar mágico (um feriado de sete de setembro), nós dois deitados, ouvindo Travis (lembro da minha felicidade em descobrir um gosto musical em comum, não aprendido, dividido de antes de te ter na minha vida). Lembro de nós dois deitados, só sentindo a presença do outro, numa paz que não lembro de ter sentido depois disso. Talvez apenas quando você disse que nós nunca acabaríamos, para acabar, meses depois..
     E você foi além, você disse que ia sair da minha vida de vez e ainda me proibiu de ir na sua casa quando você estivesse e disse que ia me bloquear, apagar as conversas, como que a dizer: saia de uma vez. Você fechou as portas da sua vida pra mim, deixando apenas a brecha do aplicativo de bate papo, sabe Deus porque, mas que é pequena demais para me caber.
     E foi como eu disse, eu não tenho o que falar, mas tenho o que doer, e vai doer um bom tempo ainda. Não que eu vá ficar parada esperando que pare. Minha esperança, na verdade, é que chegue a hora em que eu vou esquecer que está doendo e vou olhar de repente e ver que não dói. Eu paro, na esperança de ter começado. Mas não, a dor está lá. E essa dor terá ao menos um lado bom: vai me manter muito longe de você, porque não é o tipo de dor que a gente sai buscando por mais, sei que entende o que digo. Eu sou uma menina que gosta de dor, mas até eu tenho meus limites e você está bem longe das minhas linhas.





Wash all over me - Madonna

In a world that's changing
I'm a stranger in a strange land
There's a contradiction
And I'm stuck here in between

Life is a like a desert
An oasis to confuse me
So I walk this razors edge
Will I stand or will I fall

Turned a blind eye
Tried to pretend that nothing is what it seems
Torn between the impulse to stay or running away
From all this madness

Who am I to decide what should be done?
If this is the end then let it come
Let it come, let it rain
Rain all over me
Like the tide, let it go
Let it wash all over me

Over me, let it wash all over me
Over me, let it wash all over me

All of my illusions
Could be shattered in a second
You could thread a needle
With a teardrop from my eye

It's a cruel injustice
To be witness to the things I see
Looking for the answer
When it's right in front of me

From the tower of Babylon
Where nothing is what it seems
Gonna watch the sun going down
I'm not gonna run from all this sadness
Who am I to decide what should be done?
If this is the end then let it come
Let it come, let it rain
Let it rain, rain all over me
Like the tide, let it go
Let it wash all over me

Over me, let it wash all over me