Resolvi falar. O amor dói. Não sei como procuramos algo, sonhamos tão avidamente com algo que, na melhor das hipóteses, nos manda ao céu para depois nos enviar ao mais profundo inferno. Soa pessimista? Deve ser mesmo.
Amar alguém com cada fibra do seu ser, cada poro do seu corpo é algo muito intenso. Se é feliz com essa pessoa, se vive a felicidade dessa pessoa, fazê-la feliz lhe dá razões pra ser feliz também. Não, ela não é a razão da sua vida, mas certamente é a pessoa que melhor "colore" o seu caderninho de pintura. Amar alguém não é precisar dessa pessoa pra respirar, mas amá-la e viver esse amor lhe permite respirar sem nem mesmo sentir o esforço que existe em puxar o ar, é aquele lindo e conhecido suspirar.
Sabe quando tudo está no seu lugar? É quando você olha pra essa pessoa e sente que tudo está bem. E não, você não vive por ela, não vive pra ela e, menos ainda, precisa dela pra sobreviver. Sobreviver implica em se alimentar bem, dormir bem, e trabalhar pra poder comer bem e dormir bem. E, sério, você também não precisa dela pra viver. Pra viver, você precisa de amigos, de bons programas, bons filmes e viagens. Tudo isso é perfeitamente organizável, viver é perfeitamente possível sem o ser amado, sem amar.
E você pode viver, conhecer o mundo, trabalhar e fazer bem ao mundo. Você pode olhar pra si mesmo e dizer: Sou completamente independente financeiramente, tenho tudo o que preciso pra viver, desde um trocado pra sair na sexta a bons amigos. Você pode rir até a barriga doer com seus amigos e aprontar coisas com eles como moleques que tocam a campainha e correm. Ou mesmo, de forma mais madura, sentar com um, ou com alguns, uma tarde inteira e falar sobre qualquer coisa, porque o melhor de ter um bom amigo é poder ser você mesmo.
E nós podemos ter muitos amigos, milhares deles embaixo do braço, na agenda do celular, na lista do whatsapp e presos, bem zelados, no coração. Você pode fazer todas as coisas do mundo com eles e pode viver tudo o que você quiser com eles e dizer pra si mesmo: eu sou feliz. Mas, quer saber? Vai faltar uma coisa.
Ah, o amor, esse bandido que nos rouba de nós. Nos inebria e tira os reflexos. Nos deixa lentos, bobos. Dizem por aí que o amor é uma doença, que é assim que o nosso corpo o interpreta. Mas, será que nós queremos algo que nos deixa doentes? Não conheço ninguém querendo contrair Dengue, mas contrair amor, ah, em toda esquina se encontra, aos montes. Os felizes apaixonados e os tristes, divididos entre mal-amados e sem amor.
Estava eu na rodoviária (minha casa), comprando passagem pra um lugar que eu não queria ir. Tinha duas mulheres comprando passagem comigo. Uma delas olhou pra mim e disse: parece que você não está feliz em fazer essa viagem. Eu expliquei as circunstâncias e, ao mesmo tempo, comecei a analisar o meu rosto. Eu realmente estava muito triste..
E o que isso tem a ver? Ah, muito! Nessas viagens eu trabalho, ajudo pessoas, vejo alguns amigos, me divirto nas horas vagas (não são muitas), conheço pessoas (muitas delas bem interessantes como amigos, outras candidatas a ser algo mais) e lugares também. Vivo novas experiências e descubro meios de agredir menos a minha coluna em tanta estrada.
E você pode estar se perguntando: O que diabos isso tem a ver com a conversa? Eu falo de amor, de amizade e da vida. Ah, e de felicidade! E essa impressão da mulher diz muito sobre mim e um bocado sobre essa busca da gente por amor.
Por onde vamos vivemos. Vamos onde precisamos ir, fazemos o que precisamos fazer e, quando dá, fazemos o que queremos. Você trabalha, come, dorme, conversa e faz tantas outras coisas a semana inteira. As redes sociais, quando chega a sexta feira, são apenas uma voz e ela diz: agora eu aproveito!
Você não aproveita durante a semana? Claro que sim, você faz muitas coisas e (a menos que seu trabalho seja terrível, você não tenha amigos nas obrigações e que você esteja passando por muitos problemas profissionais) você se diverte no meio das suas atividades. Eu odeio a cidade que viajo pra trabalhar? Não, lá é até bom. Não gosto mesmo é de ficar longe de casa. Quando? Na sexta feira!
Alguém decidiu que a vida de fato começa na sexta. E nos programou pra aguentar tudo até lá. Daí, quando chega, a gente se esbalda! E eu, claro, fugindo do assunto! O que o amor tem com isso? O que a felicidade tem com isso? Oras, tudo!
A sua sexta feira é você quem faz, certo? Então, você passa de fazer o que precisa, pra fazer o que mais deseja. E costuma ser o melhor possível para aquele momento. Comer, sair, viajar, tudo cumpre a necessidade. Mas, bom mesmo? É fazer tudo isso com a pessoa que você ama. Juntar os amigos e o amor e ganhar o mundo. Ou ficar em casa com o amor. Porque, quando você ama, as coisas tomam outra forma. Daí vou voltar a falar do amor, esse bandido que roubou minha caixa de giz de cera e não quer me devolver.
Os amigos e os programas de solteiro lhe fazem feliz. Pelo menos até que você perceba que o cupido te deu uma flechada. Aí danou-se de verdade!! Ele leva as cores intensas das coisas entende? Não? Nem eu. Você não morre porque ama, nem porque não é amado. Esse aí quase mata, na verdade. Mas você pode fazer muitas coisas sem o ser amado e se divertir sem ele. Se ele não te quer, a vida não acaba, nem de longe. Ela te ameaça acabar pra você acordar e ir levar esse seu traseiro lindo pra passear. Pra você lembrar que tem muita coisa pra sorrir. Por isso que o amor é ruim: muitas vezes ele tira de você a sensação de autossuficiência.
Muito pior que isso, é quando a pessoa amada tem a sensação de que você precisa dela pra ser feliz. Que coisa mais peba heim? Uma pessoa amplamente e profundamente amada, e consciente disso, costuma carregar a profunda ilusão de que determina os dias e noites da pessoa que a ama. Entenda: ninguém é a vida de ninguém além de si mesmo. Todas as feridas fecham, todas as dores passam e, acredite, se você não amar mais alguém, ele não vai morrer. Ele pode até sentir que vai, mas não vai. E, depois de um tempo, ele descobre isso.
O amor da sua vida, ou o do mês, se for o seu caso, não lhe dá a vida, ele embeleza as coisas. Esse negócio de estar preso a alguém é uma falácia, bobagem! O amor lhe liberta, ele lhe permite ver as coisas mais simples de outra forma. Tudo que você fizer que gosta na vida, tudo mesmo, vai ter um gosto diferente quando você fizer com a pessoa que você ama. Desde um cuscuz a assistir tv. A coisa mais sagrada do mundo é a sensação de rir até a barriga doer do lado da pessoa que você ama. Não vou ficar falando de cada coisa que é diferente, que sei que vocês sabem.
O que quero falar, mesmo, é que o amor é uma droga, ele te deixa viciado em outra pessoa, você quer que ela entre na sua vida e você quer penetrar cada vez mais profundo, na vida dela e nela própria. Sabe entrar numa pessoa? Adentrar cada espaço dentro dela e fazer dele uma parte de você? Pronto, isso! O amor faz você ver que tudo com a pessoa é especial. Você quer assistir com ela, cozinhar pra ela, pentear o cabelo, fazer cafuné e massagens, brincar com o corpo dela e fazer dela a pessoa mais feliz do mundo.
Mas, e se ela não quiser? Paciência. Você encontra outras coisas, depois de achar que vai morrer, claro! Porque, acima de tudo, amor é escolha. Você pode ter absolutamente tudo nesse mundo mas, quando ama, você quer mesmo é ter um mundo com essa pessoa. E você terá suas coisas sem ela, muitas coisas dependendo da sua hiperatividade. Haverá momentos que você não vai querer estar com ela de jeito nenhum, e momentos onde quase será um irmão siamês dela. Você fará todas as coisas que você quer e ainda tentará fazer todas as coisas que ela quiser e sofrerá buscando um equilíbrio entre elas. Você vai sofrer a cada briga, vai emagrecer e perder a vontade de comer pensando que a perdeu (seja guloso como for), você vai ver a vida em preto e branco muitas vezes, no meio das brigas (e vai ver a cor depois de um tempo, voltando ou não). Você vai beber, postar fotos incessantemente, vai sofrer e chorar cada vez que achar que acabou e vai perder os sonhos e fazer novos, muitos outros, construídos do nada, muitas vezes, sonhos construídos em cima de sonhos. Você vai ver o céu e o inferno muitas vezes, porque amar alguém dói, não ser entendido por quem se ama então, lacera!!
Mas, você quer saber por que a gente sempre volta e procura o amor? Porque é aquela pessoa que acaba com o seu dia que tem a melhor chance de deixar ele melhor do que qualquer coisa nessa vida. Porque a vida é boa mas, com aquela pessoa ela pode ser maravilhosa. E você vai ver maravilhas até mesmo em tomar sorvete na cama assistindo filmes. Mas, como todo pacote, as coisas ruins vem junto. Então, se você acha mesmo que não vale a pena, deixe. Se tudo o que você tem na sua vida sozinho tem mais brilho do que com a pessoa, deixe. Mas, se você quer viver algo, se a paz só é paz do lado daquela pessoa, então lute. Porque, sofrendo ou não, sendo feliz ou não, o amor nada mais é do que escolha e, essa, ninguém mais pode fazer por você.
quarta-feira, 8 de julho de 2015
Escolha
Postado por Raffinhaaaa às 04:46
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