Sempre me perguntei para que servia a dor. Depois, ao começar a escutar a doença, descobri que ela é importante pra sabermos que tem algo errado, pra nos cuidarmos. Mas, mesmo no mundo da saúde, é admitido que, depois de descobrir o que temos, ela de nada nos serve.
Sinto uma dor, é algo chato, triste e persistente. Sempre admiti que se vivesse na época da ditadura, faria qualquer coisa pra que aqueles pingos de água parassem de cair na minha, cabeça, só de ver aquilo eu já ficava doida! Agora digo, faço qualquer coisa pra essa dor ir embora. Até desistir dele.
Não, não tenho dor física, é algo pior. Tomo analgésico, banho, suco, vergonha, coragem. Tomo de tudo, mas essa dor insistente nao me deixa. Mas eu juro que o deixo se ela for com ele.
Prometo esquecer cada um dos sonhos, cada devaneio, dos beijos, das chuvas, das vezes que fizemos amor, de cada momento tao cheio de nada e tão cheio de tudo. Prometo esquecer da sensação maravilhosa que era acordar com ele me olhando porque fazia isso enquanto eu dormia. Prometo esquecer como me sentia protegida quando ele me envolvia com o corpo dele e a toalha pro meu frio ir embora. Prometo esquecer que a melhor forma de perder foi ver que ele estava ali comigo mesmo assim. Prometo que se a dor quiser ir embora eu esqueço que a gente queria ficar junto pra sempre. Que já tinha quarto, sala, cozinha e banheiro montados na nossa casinha dos sonhos.
Prometo qualquer coisa pra essa dor passar. Porque um dia ele foi o amor da minha vida, agora nada mais é do que uma dor calejada e teimosa que insiste em ficar por olhar nos olhos dele e ver que não tem nada do homem que chorou quando eu disse que o amava. A maior dor vem de pensar que nem diz me amar, nem age como se amasse. Mas eu faço qualquer negócio!
A necessidade vem do coração sofrido de confiar, de acreditar, de sonhar, mesmo depois de tudo o que confiou, acreditou e sonhou ter ficado perdido na estrada. O coração não tem medo de dor, ele quer amar, ele quer lutar, mas o corpo sente, a tristeza se alastra, o abandono atordoa, deprime, então o corpo só pede pra descansar porque dói demais.
Mas diz dor, diz que vai embora, porque sei que, mesmo que ele volte, o amor não será amor, ele não encontrará aquela menina apaixonada que ele olhava dormir. Prefiro que a dor va e, se não tiver outra forma, que o leve junto. Até porque, se ele voltar, sinto que ele irá começar tudo novamente e dor eu não quero mais.
domingo, 30 de dezembro de 2012
Negócio
Postado por Raffinhaaaa às 03:07
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