quarta-feira, 19 de maio de 2010





Pegar uma caixa de giz de cera, sentar e ficar brincando.. Saudade da época em que achava que o mundo estava perfeito com uma quantidade enorme de lápis de cor, giz de cera e hidrocor.. Caraca, eu deixava de comprar chocolate pra comprar lápis. Desde pequena tive umas mil quedas por lápis, papeis e cores. Eu tinha até caixa de giz de cera em tons pastéis..

Eu meio que corria de um monte de coisas, nem desenhava bem, mas desenhava.. E pintava. Ah, eu pintava muito! Era uma menina em preto e branco procurando cores em outros lugares. E com aqueles lápis eu enfeitava e coloria tudo, pra esquecer assim dos meus problemas, das minhas dores, de tudo que eu teria que enfrentar na base do preto e branco.

Passei a fase das canetas coloridas, e eu tinha muitas, tantas e numa compulsividade tão grande por mais que não podia ir pro supermercado. Era um dilema. Se fosse, estourava tudo e meu avô nunca permitiu que nada voltasse do carrinho. Homem formidável, por muitas outras razões que um dia colocarei aqui..
Enfim, nessa época eu já paquerava, e escrevia. Mas adorava o colorido das canetinhas, dos adesivos. Eu juntava aos montes, ainda tenho muitos cadernos guardados com as minhas impressões adultas de draminhas juvenis. Alguns sim, outros, nem tanto.

Hoje eu não tenho uma única caixa de lápis, talvez alguns gizes de cera perdidos por aí, tenho canetas, mas praticamente só as uso pra escrever  pras minhas amigas, pro meu amor.. Ainda tenho a mesma doença com adesivos e com papeis. Tenho mais papeis do que qualquer outra coisa, admito.

E ainda adoro viajar falando de muitas coisas, colorindo muitas coisas. Antes eu precisava de cor por muitas razões, hoje ela apenas me agrada. Acho que porque hoje sou feliz, mesmo com medos e problemas, antes precisava de cor, tudo era turvo e pálido pra mim. Agora não, eu tenho cores em mim.

Mas, eu tenho que confessar, ainda me sinto criança quando vejo a latona da Faber Castel. Ainda vou ter uma daquelas profissionais, bem lindas e vou passar tardes inteiras como antes, esquecendo da vida. Ainda que, nesse dia, será uma caixa de muitas cores, nas mãos de uma menina colorida. A vontade de viver me deu e me dá cores todos os dias, então eu vou poder brincar com as cores da forma que deve ser: Eu, os lápis e o papel. Sem fugas, lágrimas, tristeza e problemas. Eu, os lápis e o papel. E nada mais.


Foto: Shakira

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